terça-feira, 26 de janeiro de 2010

POST PARA O OTÁVIO E PARA A INHA- postado pelo Toni e pela Ju







Aos nossos queridos amigos e companheiros de expedição queremos dizer que esta que se findou foi a viagem das nossas vidas (e, cremos, das vossas também). A grande meta – chegar a Ushuaia, a Tierra del Fin del Mundo – foi atingida. Agora, precisamos começar o planejamento da próxima aventura! As fotos são um “recuerdo” do grande momento e também da hora da partida. Um grande abreijo a ustedes, de nosotros!





FINAL DA VIAGEM - 3ª parte - de Curitiba a Campinas - postado por Toni

Domingo, 24 de janeiro de 2010, oito e meia da manhã. Saímos de Curitiba para fazer os pouco menos de quinhentos km entre a capital do Paraná e a nossa cidade. Última perna da viagem. Trecho já bem conhecido por nós, tanto de moto, como em quatro rodas. Trecho normalmente tranquilo, de pista dupla, apesar dos quarenta km depois de Registro que são de pista simples, mas que têm, no sentido que nós trafegaríamos, muitas terceiras faixas. Seis horas de viagem sem forçar, o que já fizemos mais de uma vez, inclusive durante a semana - teoricamente com maior movimento de veículos. Mais um ledo e ivo engano. Porque a estrada estava coalhada de caminhões. Porque havia muitos acidentes na estrada - em dois locais, uma das pistas ficou fechada e se formou uma enorme fila, principalmente de caminhões. Não aguentei ficar parado com a moto no meio dos caminhões que esquentavam o seu entorno com os enormes motores. Não aguentei ficar no para e anda, com a moto carregada - um peso de cerca de meia tonelada. Não dava! Trafeguei pelo acostamento, com a total compreensão dos motoristas dos caminhões e dos carros que perceberam que a gente não podia mesmo ficar parado no meio daquele tráfego dos infernos! Ninguém fez cara feia e todo mundo facilitou a nossa vida. Todo mundo, não. Teve um caminhão que não percebeu a nossa presença e também resolveu vir para o acostamento. Depois de uma buzinada "poderosa" (vocês precisam ouvir a buzina da minha moto! Parece de fusca antigo!), refugou. O pior estava por vir. No trecho de pista simples - os tais quarenta km depois de Registro - novo congestionamento. E no local não havia acostamento. Fiquei o quanto aguentei no meio dos caminhões. Aí, percebi que na pista São Paulo - Curitiba, os veículos demoravam para aparecer. Sinal de que ora passavam os veículos num sentido, ora noutro. Então tomei uma providência radical: sai para o acostamento do lado contrário, na contra-mão de direção, liguei o pisca-alerta e fui subindo devagarinho. Com essa providência, consegui me livrar do enrosco. Havia mesmo obra na pista. Estavam substituindo guard-rails. Fiquei uma meia-hora sem sequer falar com a Ju pelo intercomunicador, recuperando-me. Foi mesmo exaustivo. Bom, depois foi tranquilo. Novamente pista dupla na Regis Bittencourt (o nome da BR entre S.P. e Curitiba), Rodoanel, Bandeirantes - com mais uma parada para o abastecimento final - e aí a chegada em Campinas. Casa. Às três da tarde terminou a aventura das nossas vidas. Fomos muito bem recepcionados pelo Alê, pela Ana Luísa (estava morrendo de saudades dos meus filhos), pela D. ana, minha sogra, pela Fernanda, namorada do Alê, pela Clarinha, melhor amiga da Ana, e pelos meus amigos e vizinhos, o Beto e a Rô. Como não podia deixar de ser, o Beto estava me esperando com uma cerveja gelada na mão. Brindamos com cerveja e com champagne. O mais curioso é que a rolha saiu voando e desapareceu! Verdade! Ela não caiu! Todo mundo ficou olhando para cima à procura dela, e nada! Sumiu no espaço. Talvez tenha ido desfrutar da sua própria aventura, a rolha. Esperta! Chegamos exaustos, pneu nas últimas, mas inteiros e à tempo de corrermos até a casa onde estavam hospedados o Larry e a Lucy - como já escrevi, os "pais" americanos do meu filho, durante o intercâmbio que ele fez nos Estados Unidos. Valeu o sacrifício feito para abraça-los. A emoção do vídeo ora postado dá bem a conta de quanto valeu. Rodamos cerca de três mil km em quatro dias. Aliás, os números finais são os seguintes: de Curitiba a Campinas foram exatos 490,1 km. Saímos de Campinas no dia 26 de dezembro de 2009 e o odômetro da moto acusava 9.747 km. Quando chegamos, no dia 24 de janeiro, acusava 22.697 km. Foram rodados exatos 12.949,1, registrados no odômetro parcial. Valeu! Cada metro! Assim, mais uma vez, muito obrigado a todos os que nos acompanharam e que eu faço questão de mencionar em um post mais para a frente. Obrigado também as inúmeros amigos da estrada que também merecerão referência e - evidentemente - fotos no blog. Por fim, registro que acabou a viagem, mas não as histórias que serão contadas em posts daqui para a frente. Então, por favor, continuem a ter paciência e visitem o blog de vez em quando. Abreijos.Toni.

FINAL DA VIAGEM - 2ª parte - de Ijuí a Curitiba - postado por Toni


No sábado, rodamos quase oitocentos quilômetros. Se fosse para resumir a viagem, diria que foi desgastante. Saímos de Ijuí por volta de dez e meia da manhã, depois de feita a checagem dos pneus pelo Chicão - o mecânico da Honda local. Saímos mais tranquilos porque apesar de já bem gasto, o pneu traseiro tinha condições de fazer a viagem. Pretendia tocar até Registro, já em São Paulo. Ia dar mais ou menos mil km. Não deu. Não deu porque as estradas de pista simples do Brasil são bem piores do que as da Argentina. É um sobe e desce, nunca aparece, esburacado e cheio de caminhões. A gente acaba não tendo muitos pontos de ultrapassagem. Aí, a tocada não é "limpa". É um acelera, ultrapassa e diminui para outra ultrapassagem. Muitos caminhões! E soja (transgênica, acha a Ju) para todos os lados da pista. E assim foi até Vacaria, cerca de trezentos e quarenta km de Ijuí, onde saímos da BR 285 e pegamos a famosa BR 116. O trecho demorou. Mais de quatro desgastantes horas. Ameaçou chover e nós paramos para colocar os forros das jaquetas. Foi só fazer isso e a chuva automaticamente se transportou para o outro lado do Estado. Aí, quase em Vacaria, eu já não aguentava mais de tanto calor. Parei no acostamento mesmo, perto de um pedágio, para retirar o tal do forro. Aproveitamos ainda para comer uma bananinha - adquirida de um vendedor de frutas que encontramos à beira da estrada -, o que evitou as cãibras que começavam a dar as caras.
Bom, quando peguei a 116, pensei que ia andar mais. Mas que estupidez a minha! Não andava nada. Cheia de caminhões (parece que todos resolveram subir a BR na tarde de sábado...) e de operadores de "pare-siga", porque a estrada está sendo toda remendada. Duplicar que é bom e necessário, nada... Para melhorar, começou a chover forte. Tivemos que parar mais uma vez no acostamento para colocar os forros das jaquetas e aí perdemos a ultrapassagem feita em cima de uns dez caminhões. Começar tudo de novo... Desanimador. Em Santa Catarina, a viagem foi toda assim. Em um determinado momento, paramos em um posto de gasolina que não tinha nem água à venda, porque a Ju não aguentava mais. E eu também não. Quando saímos de Santa Catarina - da fronteira com o Rio Grande do Sul, abaixo de Lages, até a fronteira com o Paraná, em Mafra, são mais ou menos uns trezentos km - a estrada melhorou e nosso ânimo também. Já era mais de sete horas da tarde e chegar em Registro estava totalmente descartado. Queria, ao menos, chegar em Curitiba - mais cento e vinte km de estrada. Animei a Ju com a idéia de irmos comer um "mareco (com um "erre" só por causa do sotaque alemon...) com repolho roxo" no "Cantinho do Eisbein" - o melhor restaurante alemão de Curitiba. Ela topou na hora e aí, com um maior número de trechos de faixa auxiliar e um menor número de caminhões, pouco depois das nove da noite entramos na cidade. Isso, logo depois de presenciarmos um apagão que deixou tudo às escuras. Sorte que a luz voltou cerca de quinze minutos antes de nossa chegada, senão ficaria tudo mais difícil. Em Curitiba, o GPS do celular da Ju começou a funcionar - muito embora só indicasse mais ou menos a direção e a distância do destino (no caso, o restaurante, porque certamente ele fecharia se passássemos antes no hotel que ainda tínhamos que procurar por falta de reserva...). E nas vias expressas da cidade o GPS foi indicando três km, depois dois e meio, está esquentando, esquentando... Aí começou a esfriar! A distância passou a aumentar novamente. Acabamos por conseguir um motorista que disse que ia para um shopping nas proximidades, ao qual seguimos até bem próximo do restaurante. Chegamos lá por volta de nove e meia, com setecentos e noventa e seis km rodados. E uma surpresa bem agradável, para compensar o desgaste da viagem: lá estava o Egon, o dono do restaurante, que também é motociclista.
Também estava lá um motociclista CDF (com mais de uma tocada superior a mil km) que tinha uma moto igual à minha. O Egon, além de nos servir um excelente "mareco com repolho roxo", umas ótimas entradas e dois chopes bem geladinhos, ainda nos mostrou a sua GS - acho que ano 99 - extremamente bem conservada e com quilometragem menor do que a da minha que tem seis meses de "vida". É a moto da foto maior. Para finalizar, o Egon nos levou até um ótimo hotel nas proximidades - da rede Mercure - onde ainda tive a oportunidade de cumprimentar o Antonio Lopes (que saía do local) pelo título de 2005 do "Todo Poderoso Timão"! Em seguida, banho e desmaio na cama para a tocada final do dia seguinte - com tempo de ver o Larry e a Lucy. A tocada final eu descrevo na parte três. Abreijos. Toni. P.S. Vocês viram a quantidade de estrelas da Quatro-Rodas que o restaurante do Egon tem? Todo ano ele ganhou uma estrela, desde mil novecentos e noventa e tanto. Até 2010! No século vinte e um não falhou um ano! Mas ele merece, porque a comida é mesmo excelente!!!!!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

FINAL DA VIAGEM - 1ª parte - Da Fronteira (São Borja) até Ijuí - postado por Toni


Hoje é segunda-feira, dia 25 de janeiro. Eu e a Ju chegamos ontem, domingo, depois de dois trechos bem cansativos, rodados no Brasil. O primeiro deles foi de Ijuí até Curitiba, percorrido no sábado. O segundo - o trecho final - foi de Curitiba até em casa - para quem não sabe, Campinas, interior do Estado de São Paulo. Ainda, houve o trecho de sexta-feira que não foi mencionado. Da fronteira em São Borja até Ijuí. Neste relato tripartido, a primeira parte diz respeito ao referido trecho. Como já escrevi anteriormente, chegamos às cinco da tarde (horário de verão do Brasil - a Argentina, ao que consta, não adota o horário de verão) de sexta-feira no escritório conjunto da fronteira Brasil-Argentina em São Borja - Santo Tomé. Escritório modelo. Tudo muito mais fácil. Eu não passei por Uruguaiana e o Otávio poderá dar detalhes a respeito dos trâmites burocráticos e do movimento de lá. Não obstante, acho que não pode ser melhor do que São Borja. Para quem for viajar para a Argentina por terra, recomendo entrar no país por São Borja. O viajante apenas deverá verificar se o dia não é o de troca das locações praianas de Santa Catarina. Porque se for, a aduana fica cheia de argentinos que estão chegando e que estão partindo - segundo informação dos funcionários brasileiros - e aís os trâmites demoram mais tempo. Os nossos procedimentos ocorreram em cinco minutos. E ainda tem serviços à disposição do viajante: câmbio de moeda, um caixa eletrônico do Banco do Brasil para quem precisar de reais (eu precisava...), banheiros limpos, lanchonete, enfim, tudo ótimo. Há mais. A pista do lado argentino - de Passo de Los Libres até Santo Tomé (que tem mais ou menos a mesma quilometragem da pista brasileira, de Uruguaiana até São Borja) está em ótimas condições, salvo por uma ou outra ondulação. Tem pequeno movimento de veículos - principalmente de caminhões - e a gasolina é mais barata e de melhor qualidade. Dá para "encher" a mão no acelerador da moto! Bom, entusiasmado por chegar ao meu Brasil brasileiro, pensei que daria para tocar de São Borja até Vacaria pela BR(ou RS - porque às vezes indicam como RS, às vezes como BR)285, onde pegaríamos a BR-116 que nos traria até São Paulo. Ledo e Ivo engano! Delírio de muitas horas de estrada e de euforia pelo reingresso no Brasil. Por primeiro, o asfalto piorou. Tornou-se bem abrasivo e passou a apresentar alguns buracos - inexistentes (ou quase) na Argentina. No mais, a pista já não era plana. Tinha descida e subida. E os caminhões descem o pé na descida e sobem "vagarinho, vagarinho" na subida. Resultado: ultrapassagens muito mais negociadas. Ainda há o problema das placas. Eu não me conformo com a pobreza das indicações no Brasil. Placas mal colocadas e com indicações péssimas. Parece que as autoridades locais inferem que quem anda por ali é dali mesmo e então não precisa saber qual a direção de Vacaria ou de Passo Fundo a partir de São Borja. Informação mail prestada é sinônimo de subdesenvolvimento. Uma pena! Então, como o GPS do telefone da Ju não estava funcionando direito, toca a usar o método mais comum para obtenção de direções no Brasil: perguntar. Logo que saí, como não havia indicação satisfatória do rumo que eu deveria tomar, parei para perguntar em um posto da polícia rodoviária federal. Fui secamente atendido (talvez porque nem tivesse tirado o capacete), mas o policial me informou que a estrada para Vacaria era aquela mesma. E completou: "Fica a seiscentos km daqui". Não esperava por isso. Quase seis da tarde e o destino planejado estava a seiscentos km. Isso depois da gente já ter rodado outros seiscentos. Minha previsão de hospedagem ficou bem mais modesta. Vou até Passo Fundo, Tchê! Mas não deu. Só deu para ir até Ijuí. Duzentos e quinze km. Chegamos à porta da cidade e um simpático gaúcho já veio conversar, perguntando se precisávamos de auxílio. Perguntei-lhe qual a distância até Carazinho e ele informou que eram mais cento e vinte km. E completou que Ijuí era bem maior e melhor do que Carazinho. Tinhamos rodado oitocentos e cinquenta km e continuar àquela hora não fazia o menor sentido. O gaucho ijuiense também nos indicou o hotel Vera Cruz. Assim, conhecemos Ijuí, no oeste gaúcho, e nos hospedamos no Vera Cruz. Hotelzão de dez andares, quartos meio antigos, mas grandes. Banho para espantar o cansaço e restaurante para matar a fome. Fomos até o restaurante que nos pareceu mais bonitinho e que concentrava todo o movimento da cidade. Aí, tomamos alguns chopes feitos na cidade e comemos um filé à parmegiana, exageradamente grande para duas pessoas - apesar de ser indicado para uma só. É a fartura do Rio Grande do Sul. Em Ijuí, chamou-nos a atenção o fato de os carros pararem nas faixas de pedestre - ao contrário do que ocorre em boa parte do restante do país. Bacana! No dia seguinte, como já escrevi, verificação do pneu. Fui até uma revenda da Honda e o Cidão, simpático mecânico que foi emprestado para a verificação, atestou que ele "guentava". "Só se pegar um prego ou um parafuso! Aí fura!" Boa afirmação. A foto maior é com o pessoal gentil da Honda de Ijuí a quem registramos - eu e a Ju - os nossos agradecimentos. A menor, no corpo do texto, com o Cidão.

A verificação do Cidão e a afirmação de que o pneu aguentava - como aguentou - permitiu que tocássemos com maior tranquilidade. Assim, por volta de dez horas, extremamente animados, saímos de Ijuí. Eu tinha a intenção de chegar em Registro. Mas evidentemente não deu. Mal chegamos à Curitiba. O motivo? No post seguinte.

sábado, 23 de janeiro de 2010

De Santo Tomé a... Santo Tomé! postado por Toni

Direto: saímos de Santo Tomé e fomos a... Santo Tomé. O primeiro, santo da província de Santa Fé. O segundo, de Corrientes, na fronteira com o Brasil em São Borja, no Rio Grande do Sul. Sabem qual a distância entre as cidades? Nem os argentinos sabem. Eu e a Ju sabemos: seiscentos e trinta e três km. E aí atravessamos a ponte entre o Brasil e a Argentina. Às cinco da tarde do dia 22 de janeiro de 2010 - sexta-feira. Horário do Brasil. Na Argentina ainda eram quatro horas. Depois eu conto mais detalhes da viagem - inclusive sobre as tentativas de "mordidas" dos policiais de Entre Rios. Sõ digo agora que estou em Ijuí - RS e que acabei de checar na Honda local o estado do meu pneu traseiro. O mecânico disse que dá para rodar até Campinas. "Fura só se pegar um prego ou um parafuso". Oremos para que isso não aconteça. Abreijos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

De Mendoza a Santa fé - A Despedida - postado por Toni




Sobre Mendoza, posteriormente escreverei. Digo apenas que comungo da boa impressáo constante do comentário do Alexandre Correia sobre a cidade. Em verdade, ela náo parece que tem mais de um milháo de habitantes, porque com suas "calles" arborizadas e seus canaiszitos - que servem para que corra a água que vem dos Andes -, tem jeito de cidade pequena. Agora só escreverei sobre o tiro longo que eu e a Ju demos hoje e sobre a despedida. Seguinte: como o Otávio já colocou no post que fez agorinha, os "pais" americanos do meu filho - o Larry e a Lucy - estáo no Brasil. Infelizmente, náo sabíamos que eles viriam antes de esquematizar a viagem. Resultado: eles - que receberam eu e a Ju táo bem nos Estados Unidos - chegaram e nós partimos para a Argentina. Achei que pelo esquema original da viagem chegaríamos a tempo de pelo menos nos encontrarmos, mas náo. Eles iráo embora no domingo. Por conta disso, optei por náo passar por Rosário, seguindo direto para Santa Fé. O Otávio e a Inha viajaram conosco até Sáo Luiz (uns duzentos km de Santa Fé) e lá, em um posto de gasolina, ocorreram as despedidas. Eles seguiram para Córdoba. Ainda bem que a despedida se deu no meio da "Ruta". porque náo deu tempo para fortes emoÇóes. Ela foi curta e grossa, porque havia muito sol esperando todo mundo pela frente. Só quero dizer brevemente que foi espetacular e inesquecível viajar com o meu amigo de infância e parceiro de blog, bem como com a Inha, a quem já conheÇo há mais de dez anos. Também quero aproveitar a oportunidade para pedir desculpas por todos os percalÇos, ranzinices e rabugices que eles tiveram que aguentar! Pois bem, voltemos à "Ruta". Foram 896 km, percorridos em um calor infernal. A temperatura ficou quase o tempo todo em 37 graus. Houve um pico, às quatro da tarde, de 39 graus! Por isso,estavam fechadas todas as cidades pelas quais passamos - pequeninas, mas bem arrumadas, uma parecida com a outra em meio às intermináveis plantaÇóes de soja, milho e de outras culturas que náo conseguimos identificar. Náo havia uma única pessoa nas "calles"! Todos recolhidos, à espera do calor amainar. E a gente "tocando" na "Ruta"... Chegamos em Santa Fé quase nove da noite, já anoitecendo. Em Santa Fé, náo. Em uma cidade anterior - Santo Tomé - que tinha um hotel bem na beira da estrada - Hotel Escala Uno (www.escalaunohotel.com.ar - ótima dica de hospedagem para quem está de passagem por aqui, como nós) -, muito limpo e arrumado, com tudo novinho. O chamado brilho da vida, porque era tudo o que queríamos, eu e a Ju. Devidamente banhados e instalados, tomamos uma Quilmes e brindamos com um grupo de brasileiros que conhecemos na "Ruta" e que também vieram de Mendoza. Eles se hospedaram nas proximidades e vieram jantar aqui. Depois postarei uma foto com eles (Renata, Deni, Laíz, Julio Cesar, Maurício e Luís). Agora, vou dormir. Porque amanhá tem mais "Ruta", tem o túnel sob o rio Paraná, tem alfândega, depois tem estrada no Rio Grande do Sul e, se tudo der certo, no sábado à noite, ou no domingo de manhá estaremos em casa - viu D. Ana (a minha sogra)!!!! Abreijos gerais a todos e especiais para a Inha e para o Otávio. P.S. mais uma vez as fotos - do rio Paraná que banha Santo Tomé, do Porto de Santa Fé e do túnel - foram sequestradas na Internet...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

De Santiago a Mendoza - postado por Toni




De Santiago a Mendoza seria um passeio. Só 370 km. Para quem está rodando em média seiscentos por dia, um nada. Náo foi bem assim. Saímos de Santiago ontem, terÇa, 19 de janeiro, por volta de onze horas. Saida complicada, porque a cidade é grande. Depois de algumas voltas, pista. Pista boa, dupla, bom asfalto. Tudo confirmando a previsáo de passeio. E foi mesmo. Mas um passeio cansativo! Porque depois a pista dupla virou pista simples. Porque cruzamos os Andes pelo túnel Cristo Redentor. Altitude da aduana conjunta Chile-Argentina: 2.800mts. Curvas e mais curvas. Vejam na foto (que náo é de minha autoria, mas de um ilustre desconhecido que a postou na net...)


E a ruta está em obras. Como se diz aqui "obra em construcion" - o que é meio redundante no Brasil... Paramos em Portillo - uma estaÇáo de esqui muito famosa do Chile - para almoÇar e ver o lindo lago onde o hotel no local foi construído. O lago é realmente de babar! Vejam na foto (mais uma copiada da Net, pq o computador do Otávio pifou...)
Depois de Portillo, os primeiros procedimentos aduaneiros: um papelzinho entregue em um posto de guarda do Chile, para ser novamente entregue, cheio de carimbos, do outro lado - o da Argentina. E em seguida o famoso e já referido tunel Cristo Redentor - famoso náo pela extensáo (três km e pouco), mas porque corta os Andes! Aqui uma foto do túnel, tb roubada da Net.

Atravessamos, com os caminhóes babando em nossas nucas. Pouco mais à frente, chegamos à Aduana conjunta. Aí, "cola" (a fila deles...) de duas horas, para os argentinos e chilenos baterem náo sei quantos carimbos em nossos passaportes e permitirem a passagem. Puro exercício de poder, sem o menor sentido. Se eu quisesse passar com o Piñeda no baú da moto, passava. É evidente que em um lugar táo turístico, os procedimentos deveriam ser modernizados. Azar deles, porque acabam por perder uma boa parte da movimentaÇáo turística. Falta profissionalismo, esta é que é a verdade. Bom,depois das duas horas, saímos e entregamos em "Las Vacas" (acho que é esse o nome da cidade) o tal papel que tinhamos pegado na primeira barreira do Chile - lembram-se? Tínhamos tudo para perdê-lo, mas o papelzinho, milagrosamente, ficou em nossas máos. O do argentino que estava à nossa frente, infelizmente - para ele - náo. E o coitado teve que parar o "coche" para tentar convencer os nobres oficiais da aduana argentina que náo era clandestino e que o vento andino levou o papelucho. Espero que tenha conseguido, porque náo ficamos para ver o resultado. Mais cento e noventa km até Mendoza, entre montanhas e mais montanhas e ao lado de um vale bárbaro - o maior que vi em minha vida. Um leito de rio que náo está mais lá. Bordas de mais de sessenta metros de altura. Lá em baixo corre um riozinho só para lembrar que ali havia um mar de água milhares de anos atrás. O rio que "desidrata, se consome, morre encharcado de sede e empazinado de fome. Mas que mesmo assim ainda corre!" Evidentemente náo fui eu quem escreveu isso. O verso é cantado pelo Pereira da Viola, um senhor violeiro das Minas Gerais (Epa! Referência típica de quem já está morrendo de saudades de casa! Casa, no caso, o Brasil! Mas eu estou com saudades das duas: do Brasil e da minha! Principalmente dos meus filhos amados!). Bom, montanha, mais montanha, mais montanha... E caminhóes. E coches. E falta de lugar para ultrapassar. Resultado, apesar de linda, maravilhosa - até com direito a uma vista do Aconcágua, a montanha da primeira foto do post - a estrada cansou. Chegamos às proximidades de Mendoza literalmente esgotados e com dores naqueles músculos que a gente nem sabe que existem e que só toma conhecimento deles quando reclamam. Eu percebi ontem a presenÇa de um certo músculo localizado na parte anterior da coxa esquerda, nas proximidades da bunda, que náo sabia que existia. Muito prazer, señor músculito!Para finalizar, saímos do frio e chegamos no calor. Nove da noite em Mendoza e o termômetro da moto marcava trinta e dois graus. E foi isso. O dia inteiro viajando para fazer só trezentos e setenta km. Exaustivo. Mas valeu! Acho que vi as paisagens mais impressionantes da minha vida e, de moto, eu me sentia integrado nela. O mais legal de viajar de moto é isso: a gente faz parte da paisagem. Acho que já escrevi isso, mas e daí! Por fim, apesar do cansaÇo, ficamos felizes. Porque valeu fazer cada curva da subida para Portillo! Como valeu se embebedar de cada cor das montanhas, na descida da Aduana para Mendoza. Como disse o Otávio - náo exatamente com essas palavras - cada momento da viagem é absolutamente inesquecível e marcante. Ontem foram acrescentados mais alguns desses momentos únicos à nossa coleÇáo. Abreijos a todos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

De Pucon a Santiago - postado por Toni

Em Pucon, ficamos em um apart hotel bem legal. Saímos para jantar em um restaurante italiano muito bom. O garçom chileno simpatizou com a gente e até nos ofereceu uma taça de um Merlot que estava gostoso. E ele expressou tudo aquilo que há entre os chilenos e argentinos: contou-nos uma série de piadas sobre argentinos, uma mais xenófoba do que a outra. Nada desconhecido, mas o jeito que ele contou - assim com um certo ódio, um certo desprezo - foi meio assustador. A impressão que deu é que isso se reproduz em larga escala e que será difícil os chilenos e argentinos resolverem os problemas de relacionamento que têm - inclusive os de fronteiras. Viemos para Santiago no dia seguinte - domingo, 17 de janeiro. Ontem. O Otávio e a Inha saíram um pouco mais cedo porque tinham compromisso com amigos que residem na cidade. Eu e a Ju saímos por volta de 12:00hs, depois de dar mais uma volta em Pucon e confirmar que a cidade é realmente um charme. Quase conseguimos ver o vulcão, porque o céu abriu, mas ao redor do dito continuou uma névoa estilo primeira cena dos "Caçadores da Arca Perdida"... Não teve jeito. Pegamos outra estrada secundária e logo estávamos na Ruta 5, pista dupla até Santiago. Até uns trezentos e cinquenta km antes de Santiago o entorno é europeu. Tudo muito bem cuidado e uma agricultura de dar gosto. Depois, começa a ficar mais industrial e mais desleixado, sem chegar à aparência de total pobreza da periferia de São Paulo. Também aumentou o tráfego de veículos, mas nada que assustasse. Entramos em Santiago, depois de mais ou menos setecentos e cinqüenta km, por volta de oito da noite. Justamente quando era anunciado o resultado da eleição local, com a vitória de Piñeda. Para virmos até o apart-hotel que os amigos do Otávio reservaram, acabamos por entrar na passeata de comemoração da vitória! Foi um tanto estressante, pelo buzinaço e pelo trânsito lento, depois de tantas horas de estrada, mas acabou por ser divertido!

Pegamos "carona" com uma Audi Q-7, cujo motorista nos levou até o local de referência do apart. Hoje, segunda-feira, troca de óleo das motos. Eu também troquei o filtro. Otávio e Inha foram até Viña del Mar e Valparaíso. Eu resolvi passar deste passeio, porque a moto só seria entregue às 18;00h. e porque estava cansado de estrada... Fomos bem atendidos na BMW local e o serviço ficou mais barato do que no Brasil. Bom atendimento proporcionado pelo Cláudio que, segundo um colega, lembra o Fred Mercury. Confiram na foto!


Sobre o custo menor - cerca de trezentos reais para a troca do filtro e do óleo, mais serviço - diga-se que muita coisa é mais barata aqui no Chile. A começar dos veículos, porque o imposto é mais baixo. Santiago é uma cidade de seis milhões de habitantes e bem espalhada - não há tantos prédios altos como em São Paulo. Resultado: ela é enorme. É bem cosmopolita. As pessoas não têm aquela tradicional aparência dos hermanos da América do Sul. Já tinha vindo antes para cá e não consegui ver a cordilheira, por causa da poluição. Desta vez, consegui. Achei interessante a possibilidade de ver em uma cidade tão grande os picos nevados no horizonte. Dá um certo charme. Mas eu ainda prefiro Buenos Aires.
P.S. a polícia chilena - os carabineros - estão bem equipados de moto. A da foto estava em manutenção na BMW.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Bariloche - La Angostura - Pucon - postado por Toni




Da estrada entre Esquel e Bariloche e de Bariloche ao Chile - Pucon - o Otávio já escreveu. Só complemento que realmente a estrada é linda, tanto de um lado como de outro. A paisagem argentina é muito semelhante a dos Pirineus. A chilena também é bonita, mas totalmente diferente. A cordilheira altera radicalmente o entorno de um lado e de outro. Como disse a JU, é uma prova das diferenças dos microclimas, ou seja, de como locais táo próximos um do outro podem ser expressivamente diferentes. E quem gosta de vinho, sabe como o microclima faz diferença. Se o entorno de Bariloche é maravilhoso, a cidade - desculpem-me aqueles que gostam dela - é decepcionante. Para mim, pareceu acima de tudo decadente, talvez pelo fato de que à entrada dela demos de cara com uma favela, como mostra a foto (emprestada da Internet). Náo foi por outro motivo que dois argentinos que conhecemos disseram para que tomássemos cuidado com as mochilas na moto, em Bariloche. A cidade provavelmente era o máximo nos ano 70 e depois inchou. Bariloche deve ter sido o que hoje é La Angostura - uma vilinha pela qual passamos, na beira de um dos lagos. Cheia de hotéis fantásticos e de casas idem. E com um centrinho muito mais charmoso. Por outro lado - o lado do Chile... - iríamos ficar em Osorno. Como estava chovendo, optamos por seguir viagem. Passamos e acabamos por pegar a pista dupla em direçáo a Santiago. Estrada de primeira, já sem os problemas de desabastecimento da Argentina. Em um posto, perguntei de Temuco - que fica no caminho - e uns chilenos simpáticos nos indicaram Pucon, apresentando-a como uma jóia. Sugestão aceita, saimos da estrada principal e pegamos uma secundária que me lembrou muito o interior da França. E a cidadezinha, realmente, é muito bonita. Está ä margem de mais um lindo lago, é cheia de montanhas à volta e repleta de cabanas e hotéis cheios de estilo. Tem até um vulcáo que dá a ela um charme meio perigoso. O perigo é confirmado por conta dos avisos à entrada da cidade, dando conta dos planos de fuga para o caso de erupçáo. O vulcáo fica a menos de quinze km do centro. Vejam o vulcáo na foto. Só na foto - também emprestada na internet - porque daqui náo deu pra ver. É que está bem nublado e náo se enxerga nada ao redor...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

MIL KM EM CIMA DE UMA MOTO - postado por Toni




MIL KM EM CIMA DE UMA MOTO
Pois é. Sou um verdadeiro CDF. Também ganhei o selo de nosso blog que ainda náo foi feito (e que será em breve - espero...) e que atesta que o feliz proprietário rodou mil km ou mais, de moto, em vinte e quatro horas (ou menos...). Rodamos ontem, 13 de janeiro de 2010, "exatos" mais ou menos 1029 km. Quando saímos de El Calafate, alguns minutinhos antes das oito da manhá, náo imaginava que iríamos rodar os mil km. Isso porque depois de muita ponderaçáo, optamos por pegar a Ruta 9, uma estrada de rípio que nos levaria de pertinho de El Calafate até Piedra Buena, com uma economia de quase trezentos km, caso fossemos pelo asfalto. Pois foi rodar seis km na estrada - que muitos em El Calafate disseram que estava boa - para resolvermos voltar. Gastamos meia hora com isso, andando com as motos - pesadas - em primeira e segunda. Só sambamos. Rípio solto, com os trilhos meio escondidos. Pedras grandes e buracos ("poços" para os argentinos). Náo ia dar. Aí resolvemos fazer os quase trezentos km a mais naquele asfalto argentino de primeira, porque se fossemos pelo rípio, gastaríamos mais ou menos oito horas para rodar duzentos km - isso se náo viessem as quedas. Como tínhamos planejado ir até Comodoro Rivadávia, verifiquei que rodaríamos mais de mil km. Aí, a oportunidade de completar a viagem: ir até Ushuaia e, de quebra, fazer os mil km para pegar o selo - o atestado dos mil km rodados - que prometi que náo pegaria se náo cobrisse a distância. Bom, foi tudo bem na viagem, que transcorreu rápida. Deu até sono e aí tomei um Red Bull para ficar mais animado. O vento estava presente, mas náo era forte. Muito mais suave do que na vinda. Paramos para comer num local que já tínhamos parado quando descemos pra Ushuaia. Depois, tocamos eté Piedra Buena. Quando chegamos e paramos para o necessário reabastecimento, a primeira zebra da tarde: havia um "paro" (greve) dos caminhoneiros entregadores de combustível, pelo que ficamos cerca de duas horas esperando para abastecer as motos. Diga-se que a gasolina chegou em um tanquinho puxado por uma Land-Rover. Depois, as bombas náo conseguiam puxar o combustível e aí um dos frentistas, ao tentar consertá-las, acabou por tomar um jorro de gasolina na cara. Ninguém do posto o ajudou. Eu acabei por ir atrás dele e o ajudei a lavar o rosto e principalmente os olhos. No Brasil, dava uma indenizaçáo por dano moral... Depois dos incidentes, as motos finalmente foram abastecidas. Saímos novamente e cento e tantos km depois, paramos em outro posto, em San Julian. Lá tinha combustível (só a Fangio - 98 octanas por cerca de um real e cinquenta centavos. Metade do preço da Pódium no Brasil. É mole?). Reabastecemos, tomei mais um Red Bull e saímos - eu ligado no 220. Aí, por volta de 15 pras oito da tarde, com seiscentos e setenta km rodados, ele deu as caras de novo. Ele, o vento. O vento patagônico que quando vem com tudo parece o Hilander: quer arrancar o capacete e a sua cabeça juntos... Ele veio com tudo, mas eu me entendi bem com ele. Deitei a moto direitinho, inclinando o guidáo, como se fosse fazer a curva para o lado do vento, e com o corpo nem fazia esforço. Parecia que estava apoiado em um colcháo de ar (e estava mesmo!). Senti o vento totalmente dominado e, eufórico por conta dos Red Bulls, até gritei algo como "segura peáo!!!" Moral alta e os km foram passando. Quase trezentos km de vento até Caleta Olívia, onde entramos por volta de dez e meia, aí já escuro, mas ainda com luz no horizonte. E a última parte do trecho, onde a estrada beira o mar, foi super tranquila, até mesmo sem vento forte. Tudo certo para completar os meus mil km! Por conta disso me animei: "vou até Comodoro! Só mais oitenta km!" Achei que o Otávio e a Inha ficariam em Caleta Olívia mesmo. Quando fui combinar com o Otávio um esquema para a gente se encontrar no dia seguinte (hoje), ele nem discutiu. Disse que ia. Gente, eu realmente achei que ia ser um passeio! E foi! Mas um passeio regado a muito vento! Só brindamos - com umas Quilmes - hoje, em Esquel. Se do outro lado, na parte da estrada na beira do mar só havia pouco mais do que uma brisa, entre Caleta Olivia e Comodoro o vento estava enlouquecido! Parecia que queria jogar as motos para cima, como se fossem avióes de papel! Era vento pra todo lado! Náo tinha lógica, como o da tarde que era forte, mas vinha sempre da mesma direçáo. E quando cruzávamos com outros veículos - principalmente pesados, como caminhóes - dava um revertério de vento! Primeiro uma explosáo, depois um vácuo e aí as motos sambavam de um lado para outro. Ufa! Mas, é claro, deu tudo certo! Depois de muitas "chicotadas", chegamos a Comodoro. Por volta de meia-noite. Dezesseis horas de estrada e mais de mil km rodados. E no meio da estrada, quando a marca foi atingida, a Ju fotografou o painel da moto. Vejam a foto do odômetro parcial marcando o 999,9 - meio cortado, por causa do movimento da moto. Esta a prova dos meus mil km. Também tem prova testemunhal - o Otávio e a Inha que também fizeram os mil, junto comigo e com a Ju. E o Otávio teve a ousadia de dizer que na Argentina os mil km náo valiam! Com todo aquele vento, só valem! Aos meus companheiros de jornada - o Otávio, a Inha e a minha Ju - um grande beijo e os meus públicos agradecimentos. Foi muito bom rodar os mil km com vocês! Realmente valeu! P.S. O cóccix doeu! E está doendo ainda hoje! Outro P.S. Ricardo, estou à disposiçáo, mas pergunto: que dica eu vou dar pra você que já foi para Ushuaia e rodou a Argentina de todo o jeito?! Você é que nos deu uma dica preciosa, ao indicar como melhor opçáo para Ushuaia a estrada secundária de rípio - a que vai para para Onaishin (acho que é esse o nome), ao invés da principal. A secundária realmente está muito melhor. Náo tem muito movimento e o rípio está bem batido. Dá para fazer uma média bem razoável. Mesmo com vento, na volta, cobrimos os cento e vinte km em menos de duas horas. Mais um P.S. Alexandre: estou totalmente dentro dessa proposta a respeito do Alaska!!! E fico muito honrado com ela!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

EHHHHHH NOVOS CDFs postado por Juju

Oies!! tanto tempo que nao posto nada! E tem tanta coisa para falar!!! Affe! Bom, depois eu volto a falar de Calafate! Mas preciso dizer: PELAMORDEUS! que é aquilo? O Paulo Velho, um querido amigo nosso me disse uma coisa uma vez e foi a primeira coisa q pensei quando olhei a geleira. Ele, o Paulo, faz ceramicas lindissimas. E um dia ele me disse: por mais que eu tente cores, misture mil coisas, va atras dos pigmentos e tal, todo mundo baba mesmo é quando sai alguma cor azul!! Quando olhei o glaciar monumental a minha frente, lembrei me do Paulo Velho. O que me deixou mais boba era que era toda azul. O azul sempre me fascinou. Acho que é do céu. Mesmo de pequena sempre gostei mais de coisas azuis que as rosinhas destinadas normalmente as meninas. E aquilo tudo a minha frente era um mar de gelo infinito e azul. Dava para nao ser tao lindo?
Bom, o resto as fotos dizem por mim...
Tomar wisky com pedrinha de gelo de 400 anos: NAO TEM PREÇO!!!!!!!!!! O resto pagamos em efetivo ou targeta. kkkkk

Bom, e ai era para vir embora para Caleta Olivia. E rolou uma estrada que economizava 200 km. Otimo?? mas é de rípio. A gente nao tinha dado nossa cota de rípio?? poxa...mas 200km sao 200km!! tentamos. Rodamos exatos 6km. em 15min. Como diria o Leandro um amigo meu: Nao vigorou! Voltamos e encaramos o asfalto. E ai o q aconteceu: chegando em Caleta Olivia tinhamos rodado mais de 900 km e ficamos animadinhos a ganharmos nós também o selo. Bora para Comodoro Rivadavia. Tranquilo sao mais 50 km. Depois da curva... quem nos esperava traiçoeiro? Ele, velho conhecido, o VENTO. E pqp! Que vento. Ele que tinha nos acompanhado a tarde toda, e que o Toni veio berrando no intercon de alegria pois tinha pegado o jeito... veio totalmente diferente. Veio um vento indeciso. Desgraçado, que normalmente vem forte numa direçao só, vinha de soluços, chacoalhava a motoca de todos os lados. Suspeito que ele vinha até de baixo. Affe. Sei que os meninos vao escrever mais sobre o vento depois. Porque hoje ele também bateu forte. Mas, meus queridos, queria que voces experimentassem a força do cara! E se isso é vento, fico imaginando o tal primo furacao. Affffe...
Ps. Fizemos 1.029km. Depois coloco as fotos que comprovam o feito.
ps2. BORA PARA O ALASCA Alexandre!!!!!!!! ADOREI!
ps3. Ana ... TE AMO!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

EL CALAFATE - PERITO MORENO - postado por Toni




EL CALAFATE - PERITO MORENO

Serei curto e grosso sobre Perito Moreno, porque qualquer tentativa de descriçáo será pobre. Perito Moreno é o local de natureza mais lindo que já vi em minha vida. E pronto! El Calafate - de onde partimos para o Glaciar - é uma cidadezinha muito charmosa e com uma vista maravilhosa do lago azul turqueza, formado pela água que brota do glaciar e que tem a cor que tem por ser repleta de sedimentos finos que náo depositam e váo assim até o mar. Finito! P.S. Alexandre, meu caro: os seus comentários sáo muito valiosos para nós. Por favor, continue a postá-los e a nos acompanhar! Grande abraço. Outro P.S. Grilo, Maurinho e Eduardo, seus loucos! Tenham uma ótima viagem!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

PRONÚNCIA DE USHUAIA, O SEGUNDO CDF CONTEMPLADO E O QUE É CDF – postado por Toni


COMO SE PRONUNCIA USHUAIA

Não se diz “Uxuaia”, como a gente costuma dizer. Os argentinos dizem algo como “Ussuaia”...

O SEGUNDO CDF CONTEMPLADO

O Eduardo, nosso companheiro de viagem, comprovou por fotografias que rodou mais de mil km em um único dia e, por isso, vai ganhar o selo CDF – assim que ficar pronto... Aliás, o Eduardo rodou muito mais do que mil km. Fez a loucura de tocar direto por vinte e duas horas!!!! Quantos km? Não me perguntem. Vou pedir para ele contar aqui no blog a loucura.


SÓ PARA LEMBRAR O QUE É O CDF

Como ninguém vai lá atrás ler o primeiro post, o CDF é a versão tupiniquim do “Iron Butt” – a associação americana que contempla com um certificado o motociclista que comprovadamente rodar mil milhas em um dia. O CDF (“cu de ferro”) fará o mesmo, ou seja, fornecerá um adesivo – ainda em elaboração – para o motociclista que comprovadamente rodar mil km em um único dia. O resto da história está lá no primeiro post. Por favor, novo leitor (o primeiro dos próximos três meses: talvez um tio, talvez um primo...), vá até lá e leia os detalhes do CDF. E se gostar, conte pra gente. Se não gostar, não diga nada pra ninguém!

domingo, 10 de janeiro de 2010

USHUAIA E A VIAGEM DE VOLTA - A ADUANA - postado por Toni











USHUAIA E A VIAGEM DE VOLTA - A ADUANA
Alguém comentou que os post's apresentam três visões diversas da viagem: a do Otávio, mais objetiva; a da Ju, mais poética; a minha, mais humorística. Tenho feito post's curtos para os quatro leitores assíduos da nossa expedição, a fim de não espantá-los, ao repetir aquilo que o Otávio e a Ju escrevem antes. No entanto, pensei que talvez fosse interessante escrever sem tal preocupação, mesmo que meu post acabe por ser semelhante aos precedentes. Se for semelhante, quem nos lê concluirá que tudo é mesmo verdade. Se não for, a conclusão é de que a viagem tem perspectivas diversas (ou quem alguém falta com a verdade... O que não acontece, juro!). Desta forma, sem ler o que já foi escrito sobre Ushuaia e sobre a viagem de volta, apresento a minha versão. Talvez com algo de humor, mas com fundo bem sério. E, desculpem-me, mas este post será um pouco mais longo.
Primeiramente, o que foi ir para Ushuaia de moto. Ushuaia é a Meca do motociclista brasileiro. Assim, a proposta de ir até lá, para mim, tinha realmente como principal finalidade vencer um desafio. E foi muito prazeroso fazê-lo, na companhia do Otávio, meu amigo de infância e de blog. Dito isto, digo que a ida para Ushuaia foi tranqüila. A passagem pelas alfândegas (duas da Argentina e duas chilenas) não apresentou qualquer problema. O vento, perto de Rio Gallegos, estava forte, mas depois amenizou. A gente passou rapidamente pela balsa que cruza o Estreito de Magalhães, com mar calmo. Almoçamos bem numa pequena cidade chilena. O famoso rípio (estrada de cascalho) era bem batido e cento e vinte km foram superados em menos de duas horas. Enfim, tudo correu às mil maravilhas. Ushuaia é uma cidade maravilhosa - bem mais bonita do que eu imaginava -, emoldurada por montanhas nevadas e com o mar para complementar a paisagem. E com luz até tarde. A foto foi tirada à uma da manhã e ainda havia uma réstia de luz no horizonte. Se forçar a vista um pouquinho, dá pra ver na foto. A do porto - tirada por volta de onze da noite - dá para ver bem. Um paraíso intensamente curtido.
Agora, a volta (ocorrida no dia 9 de janeiro de 2010 – aniversário do Otávio. Marco a data, porque não sei quando dará para publicar o post, com as fotos ilustrativas). A volta foi exaustiva.
Saímos de Ushuaia por volta de oito e meia. Minto. Saímos mais tarde, por culpa minha. Comprei um pen drive de 16 GB para armazenar todas as fotos. E quando estávamos abastecendo as motos – evidentemente, já tendo deixado o hotel –, lembrei-me dele. Perguntei para a Ju que disse não tê-lo visto. Como sabia onde ele estava no hotel, depois de revirarmos as mochilas, optei por voltar. O Otávio foi à frente para a “Ruta”, porque pretendia deixar duas garrafinhas de "51" para um amigo argentino que iria se hospedar em uma pousada à beira da estrada. Pois bem, procurei, procurei e procurei o tal pen-drive no hotel e não encontrei nada. Ainda tenho esperança de encontrá-lo escondido em algum canto da bagagem, mas, no momento, acho que ele encontrou outro dono...
Então, saí atrás do Otávio e o encontrei na estrada, esperando no pretenso local onde estaria a pousada. Ela não estava lá. Procuramos mais um pouco, tocamos por alguns quilômetros olhando atentamente, mas nada de pousada. Estávamos a uns quinze km de Ushuaia. Aí realmente se deu a partida para a nossa jornada de regresso, o que ocorreu por volta de nove e meia da manhã.
A primeira parte da viagem foi tranqüila. Mais tranqüila do que a vinda. Estava frio, mas agradável. Rodamos trezentos km rapidamente e por volta de uma e meia, estávamos na fronteira.
Em uma parada num posto - meio forçada, porque entrou em meu olho um grão de areia - acabamos por conhecer o Eduardo, um veterinário paranaense que viajava sozinho com uma Yamaha 660, tomando vento no peito, porque o defletor da moto dele se quebrou. Ele acabou por nos acompanhar a partir dalí até Rio Gallegos. Como disse - escrevi - a primeira parte foi tranqüila. Aí, chegamos à Aduana argentina. E os problemas começaram.
A aduana estava lotada. Foram mais ou menos duas horas e meia de fila (ou de "cola", como eles dizem) para conseguir os carimbos necessários. E primeiro foi uma "cola" para a vistoria dos passaportes. Depois, outra "cola" para a aduana propriamente dita. Uma "cola" atravessava a outra. Enfim, era uma zona total! Já viajei muito na minha vida. Fui para muitos lugares e nestes cinqüenta anos nunca vivi nada parecido. De novo: uma zona total! Resultado: chegamos à uma e meia e saímos às três e meia. Aí, andamos mais uns três ou quatro km... até a aduana chilena.
Na aduana chilena, outra “cola”. Que demorou mais duas horas e meia. Assim, para passarmos duas aduanas, demoramos cinco horas. Saímos às seis e meia dos procedimentos burocráticos. Eu fiquei exausto. Acho que todos ficaram. Neste estado, fomos para o rípio.
O rípio era o mesmo da vinda. Mais ou menos. Porque agora tinha vento. Vento, chuva e frio. E vento com rípio é ruim, uma vez que a gente procura conduzir a moto em cima do rastro dos pneus dos carros, porque é mais batido. Fora do rastro é mais fofo e se a roda da frente pega um rípio muito fofo, o tombo é certo.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Demoramos muito mais do que na vinda – inclusive com duas paradas para checar se a estrada era aquela mesma –, mas chegamos sãos e salvos. Sem nenhum tombo. Pegamos o asfalto por volta de nove da tarde (da tarde, porque ainda tinha luz) e saímos no pau para pegar a balsa – a última era a das dez e quarenta e cinco. Pegamos a das dez, depois de esperarmos uns vinte minutos no frio. É que a balsa anterior saiu alguns minutos antes de chegarmos... Depois da travessia, toca meter a mão no acelerador, para não chegarmos junto com todos aqueles argentinos que também atravessaram o canal em seus carros e que iriam fazer a alfândega novamente.
Mas que história de alfândega é essa? Seguinte: pra quem não sabe, a Tierra do Fogo – última parte da Argentina, onde está situada Ushuaia – é separada do restante do país pelo território chileno. Aí, quem vai para lá por terra tem que sair da Argentina e entrar no Chile. Depois, viaja-se pelo Chile por uns duzentos km – parte em asfalto e toda a parte do rípio. Também é no território chileno que está a balsa. Para entrar na Tierra do Fogo é necessário sair novamente do Chile e ingressar na Argentina. São quatro aduanas! A primeira é conjunta, mas a segunda não. Há uma aduana chilena e depois de alguns quilômetros, outra da Argentina. Foi justamente nessas aduanas separadas que nós perdemos cinco horas...
Pois bem, chegamos à aduana conjunta na frente de quase todos os carros e lá foi tudo rápido. Também, já era quase meia-noite. Gastamos uns dez minutos com os procedimentos. Depois, mais uns quarenta e cinco minutos até Rio Gallegos, com muito frio (7 graus) e quase com um atropelamento de coelho, por parte do Otávio. Em seguida, pizzaria e cama. Acabados. Por causa da burocracia argentino-chilena.
O Chile e a Argentina precisam resolver esse problema do trânsito entre os dois países. Precisam pensar em algo mais inteligente do que os procedimentos burocráticos que nos quebraram as pernas. Mas não vão fazer isso, porque há muito ressentimento ainda entre eles. Quase houve guerra entre os países em 1978. O resultado, a gente vê na zona de embarque da balsa. Leiam o que está escrito na placa ao lado da Ju. Pois é, campo minado! Inacreditável, mas a Bósnia é aqui...
É muito menos cansativo rodar oitocentos km de moto com calor, frio, chuva ou vento, do que ficar cinco horas na fila para que os guardas de fronteira, com cara de poucos amigos, batam três ou quatro ridículos carimbos e não façam qualquer verificação (não que eu quisesse...). Tudo só para constar. Tudo para atazanar um a vida do outro – e o viajante que não tem nada com isso é que paga. Seguramente foi a pior parte da viagem. Mas mesmo assim, valeu à pena e eu passaria por tudo novamente, só para ter o gostinho de chegar a Ushuaia de moto.