sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

TRECHO FINAL - MARINGÁ - CAMPINAS - FIM DA EXPEDIÇÃO PARA O ATACAMA




Vinte de janeiro de 2011. No Brasil. De Maringá/PR até Campinas/SP. Mais uns seiscentos e quarenta km.
Em fim de viagem do moto, é sempre bom tomar cuidado. A gente meio que relaxa, porque rodou quase seis mil km e tudo deu certo. Baixa a guarda e o tombo vem. Então, é fundamental manter a concentração.
Com tal espírito, saímos de Maringá às 11:00 hs. da manhã. Acordamos tarde, sem pressa, porque sabíamos que conseguiríamos chegar a Campinas ainda com luz do dia. Tudo o que precisávamos.
Sossegados, tomamos o café da manhã – apesar da preocupação da Ju com relação a ter sobrado algo, depois que o grupo do intercâmbio de Jiu Jitsu passou por ali... Sobrou! Foi o melhor café da viagem.
Como disse a Ju, sabemos que estamos no Brasil quando o café da manhã é um banquete e não só medialuna e um pingado. E porque tem pão de queijo. Mas, para evitar qualquer mal entendido com os hermanos, adoramos as medialunas!
Saímos com temperatura agradável – 27° Celsius –, mas com muita chuva. Mesmo assim, foi fácil sair da cidade. Como já escrevi, Maringá é muito bem sinalizada e o porteiro do Hotel Elo deu uma dica importante: “é só seguir reto em frente, contar onze semáforos, e virar à direita”. Fizemos isso e logo, logo, estávamos na pista.
A chuva parou, a tocada melhorou, principalmente porque entre Maringá e Londrina é pista dupla. Depois de noventa km rodados, às 12:15 hs. – temperatura de 23° Celsius e chuva armando de novo –, paramos em um posto nas cercanias de Londrina. Abastecemos e seguimos viagem, em direção a Assis – sentido Warta e Sertanópolis.
O Otávio disse que quando vai para São Paulo prefere ir pelo norte do Paraná até entrar em Ourinhos – por onde também passaríamos. Sei não, sei não. Prefiro ir por Assis, porque depois de Londrina, há muitas cidades e o trânsito não flui. No mais, assim que se entra no Estado de São Paulo a pista passa a ser dupla. Um pouco pior até Assis, mas depois de lá as estradas estão muito boas.
Até a fronteira estadual, foi uma viagem com pancadas de chuva. Nenhum problema na pista – trânsito não muito carregado – e às 13:00 hs., com sol e temperatura de 30° Celsius, estávamos na divisa do Paraná com São Paulo – 163 km rodados. Paramos para uma foto de registro.
Quase cai. Por conta da grama que invadia o acostamento, meu pé direito escorregou no momento em que fomos sair. Acidente é assim. Acontece quando a gente menos espera. Ainda bem que o tombo não veio, porque ia ser muito ridículo cair daquela maneira, depois de rodados quase seis mil km.
Tocamos até Assis – é preciso um pouco de cuidado com essa estrada (a SP 333, estrada que em São Paulo é a continuação da PR 323 que vem de Londrina). A pista é quase toda dupla, mas o asfalto não está bem conservado e, de súbito, aparecem alguns buracos que podem ser perigosos. Na altura da cidade de Tarumã, há lombadas na pista.
Como a estrada está quase toda duplicada, o motociclista pode se entusiasmar e dar mais gás do que ela comporta. Então, cuidado.
Bom, em Assis, pegamos a SP 270. Dez km depois, por volta de 13:45 hs., com temperatura de 31.5° Celsius, paramos para lanche do almoço (não almoço, porque a pior coisa que existe é conduzir a moto com o estômago pesado). Posto Alexandrina, situado em Nova Alexandrina, distrito de Cândido Mota.
Ótimo posto Ipiranga. Limpo e com bom atendimento. Funcionários muito simpáticos. Comemos um lanche de lingüiça com queijo muito bem preparado, que estava excelente.
O dono estava presente. “Seu” Luiz, uma pessoa muito simples e muito simpática. Conversava com todo mundo. Esperto, ouvia com atenção o que cada freguês tinha a dizer.
Ele fez questão de me mostrar uma foto, pregada na parede, de como era o posto há trinta anos. Um postinho pequeno com uma parte coberta que parecia ser algo como uma pequena lanchonete e nada mais. Hoje, o posto é imenso. E ele é proprietário de um supermercado nas proximidades. Os pães dos lanches são feitos na padaria do supermercado.
“Em breve, começo a construção de um hotel de qualidade, com trinta apartamentos”, disse-me.
A conversa me fez pensar em duas coisas. A primeira foi aquele ditado: “Todo mundo vê as pinga que eu tomo, mas não vê os tombo que eu levo”. O “Seu” Luiz fez questão de retratar as pinga e os tombo... A segunda coisa é que há muita gente trabalhadora no Brasil – como o “Seu” Luiz –, que vence e faz o país progredir, desde que o governo não atrapalhe...
Se eu morasse na vizinhança, seguramente iria ao restaurante do posto pelo menos uma vez por semana, para comer o lanche gostoso e também para saborear uma boa prosa. Fica o meu abraço para o “Seu” Luiz.
A viagem de moto é tão interessante, dentre outras coisas, por causa dos personagens que a gente encontra pelo caminho.
Saímos às 14:20hs. Seguimos pela SP 270 – toda duplicada – até Ourinhos. Ali, passamos pelo trevo mais abandonado que há no Estado de São Paulo – deve fazer uns trinta anos que ele tem a aparência de que está “em obras” – e pegamos a SP 327. De Ourinhos a Santa Cruz do Rio Pardo – pista também toda duplicada. Curiosamente, justamente quando passávamos em frente ao Posto Estação Café – o que tem a locomotiva – a viagem chegou a seis mil km rodados. Logo depois, uns doze km à frente, pegamos o início da Rodovia Castelo Branco – SP 280. Ali, rodamos com o acelerador solto por retas tediosas (na Argentina, as retas não são tediosas, porque o entorno é deslumbrante: na Castelo não é assim...) até o Posto Road Star, pouco depois de Botucatu, onde já tínhamos parado na ida.
O Road Star é o posto do tanque de guerra.
Segundo consta, é o maior posto de rodovia da América do Sul. Se não é o maior, não imagino qual o tamanho do maior, porque ele é mesmo enorme. Tem, inclusive, uma loja de móveis gigantesca, cheia de coisas interessantes.
Bom, café, abastecimento (com o mesmo frentista da ida, que me reconheceu!) e pista.
Aí foi muito tranqüilo – mas sempre com o cuidado de não relaxar na pilotagem. Do Road Star, tocamos até as proximidades de Sorocaba e, no km 79, pegamos a SP 075 – sentido Itu, Salto e Indaiatuba. Para quem não conhece, trata-se da Rodovia Santos Dumont, que liga Campinas a Sorocaba, passando pelas referidas cidades. Também é a rodovia que serve o aeroporto de Viracopos. Boa pista dupla, bem sinalizada, mas movimentada, principalmente por volta de 18:00hs. E as passagens para as motos nos pedágios são bem estreitas. No pedágio de Indaiatuba, certa vez, acertei um dos cones com a minha mala lateral. Um perigo, porque poderia ter caído.
Esse negócio de deixar uma passagem estreita para as motos – segundo os funcionários das concessionárias das rodovias, porque os motoboys passam muito depressa – é um acinte. Que sejam colocados outros controles para evitar a velocidade, mas os corredorezinhos estreitos ainda vão dar causa (se é que já não deram...) a acidentes sérios com motos grandes. Fica o desabafo. A reclamação, eu vou fazer por outras vias, mais eficazes.
Da Santos Dumont para a Bandeirantes e dali para a D. Pedro. Mais sete km e entramos em Barão Geraldo. Cumprimentei a Ju pela viagem sem problemas – mais uma – e às 18:45hs., com temperatura de 29° Celsius, entramos em casa, buzinando. Foram 643 km rodados de Maringá a Campinas. E 6.334 km (seis mil, trezentos e trinta e quatro km) rodados, desde o início da viagem, no dia 02 de janeiro de 2011 – sem contar os mais de mil km na Bolívia, feitos de Toyota 4 x 4.
Valeu. Plenamente.
Para finalizar, os agradecimentos.
Em primeiro lugar, quero agradecer a D. Ana, minha sogra, por ter cuidado da Analulu, a nossa pequena filhota – mas não tão pequena assim! –, bem como por tê-la levado a um cruzeiro pelo litoral do Rio de Janeiro.
Quero também agradecer aos meus companheiros de viagem: ao co-autor do blog, o Otávio, meu amigo de quatro décadas, e à Inha, mulher dele: ao meu irmão Zé Mauro, à Su, sua mulher, e aos meus queridos sobrinhos, Pedro e Amanda. O Pedro, particularmente, agüentou mais: foi ele quem nos acompanhou na Toyota, no giro pela Bolívia. Para todos eles também vai um pedido de desculpas pelos transtornos e mal entendidos que inevitavelmente acabam acontecendo ao longo do (longo) caminho.
Quero agradecer a todos os amigos e parentes que acompanharam a nossa expedição pelo blog e que nos deixaram recados tão inspiradores, tão cheios de carinho.
E por fim, como não podia deixar de ser, quero agradecer à minha amada esposa, a Ju, por compartilhar da aventura e, principalmente, por ter “encasquetado” com a ida ao Salar de Uyuni – o lugar mais maravilhoso que já vi em minha vida!
E vamos para outros lugares, Ju!!!! Sempre juntos, porque sem você, meu amor, a viagem não tem graça!
Fim da expedição do Atacama!
Abraços e beijos a todos.
Toni.

2 comentários:

  1. Caros amigos AM e Ju: surpreendido pela quantidade (e qualidade) dos textos depois de alguns poucos dias sem ligar o computador, descubro, satisfeito que já chegaram, e bem, ao lar doce lar. Sejam bem-vindos! Algum dia ainda faço uma viagem como essa (e seu meu irmão quisesse me acompanhar, seria ainda mais legal!). Abração. Nery

    ResponderExcluir
  2. Otávio & Cia, que viagem, hem! Achei que eu escrevia demais, mas achei outro que escreve mais! hehehe! A ida ao Salar de Uyuni foi EPETACULAR! Vcs me deixaram com inveja... Vou ter que ir lá! Ah, vou!
    Então, por um dia de diferença, não nos encontramos em Cascavel! Dormi lá na quinta feira, dia 20/01 e vcs no dia 19! Parabéns pela grande viagem, e qualquer hora destas nos encontramos por estas estradas! Abraços!

    ResponderExcluir