sábado, 19 de dezembro de 2009

O Otavio e o Toni

O Otavio e o Toni são os donos do blog. São amigos e motociclistas.

Eles se conheceram no segundo ano do ginásio, em Bauru - naquela época ainda era ginásio; só depois é que virou 1º grau. O Otavio, que faz aniversário em Janeiro, já tinha doze anos. O Toni, que é de Maio, ainda tinha onze. Eles ficaram amigos imediatamente. Faziam parte do mesmo grupo dos trabalhos da escola (com mais cinco meninas! Era o máximo!). Começaram a se encontrar também fora da escola, para fazer as coisas que a molecada da época fazia: jogar bola e bets na rua, andar de bicicleta, caçar passarinho e ir atrás das meninas nas brincadeiras dançantes. Tirando o “caçar passarinho” (sem matar; só no alçapão. Naquele tempo, canarinho da terra era como pardal: tinha muito!), mais ou menos o que os meninos de hoje fazem.

O tempo passou, mas a amizade continuou. Varou a adolescência, a faculdade – o Otavio fez Agronomia; O Toni fez Direito – e prosseguiu pela vida adulta.

O Otavio casou e teve uma filha linda: a Luiza. O Toni também casou e também teve um filho lindo: o Alê. Depois, eles descasaram e casaram de novo. O Otavio com a Inha e o Toni com a Ju. O Toni teve mais um filho lindo: em verdade, uma filha, a Ana Luísa. A Luiza conheceu a Ana Luísa com seis meses de idade, em Londrina, aonde o Otavio foi morar. Atualmente, a coisa está assim: a Ana Luísa acabou de fazer onze anos; a Luíza fez dezoito. O Alê, vinte e cinco. E o Otavio e o Toni chegaram aos cinquenta anos em 2009. Uma amizade de quase quarenta anos! Não é mole, não!

As motos

E as motos? Onde entram na história?

O Otavio tem moto faz tempo. Primeiro, foi uma CG 125 e depois uma XL 250 – tremenda moto! Ele fez até rallye de regularidade com a moto. E tem uma foto espetacular dele caindo com a moto, de uma pinguela em um riozinho.

O Otavio continuou, ao longo dos anos, tendo motos e viajando com elas. Ele gosta muito de viajar, de pegar a estrada. Aí, acabou por comprar uma moto realmente boa para fazer isso: uma Suzuki V-Strom 1000 preta. Nervosa! Linda! Uma moto pra viajar no asfalto, mas que também enfrenta bem uma terra. Como quando o Otavio foi com a Inha visitar o cânion Itaimbezinho. Mas isso é outra história

O Toni também gosta muito de pegar a estrada. E também tem moto faz tempo. A primeira foi uma CG-125 quando ele tinha uns vinte anos de idade. Moto rachada com o Zé, irmão mais novo dele. A moto, quem ganhou foi o Seu Dilair, pai deles, em uma rifa da Vila Vicentina de Bauru. O gozado é que o Seu Dilair vendeu mais ou menos vinte e cinco por cento de todos os bilhetes da rifa. E comprou um só. Com ele, ganhou a moto.

A CG acabou ficando com o Zé. Aí, o Toni gostou da idéia e como já estava trabalhando como advogado, juntou as economias e comprou uma CB-400 vermelha. Uma moto lindona, de motor macio! E tome estrada com ela, de Bauru para Campinas, de Campinas para São Paulo. Sem proteção nenhuma. Só com um capacete meia boca amarelo, que pesava uns vinte quilos. E de jeans, jaqueta e luvas de algodão. Mais nada. Naquele tempo não havia outros equipamentos.

Só que o Toni teve um acidente com a moto. Acidente bobo que não machucou muito, mas que assustou. Ele vendeu a moto e depois, sempre que quis comprar outra, acabou vendo outros acidentes – inclusive, socorrendo muita gente –, pelo que foi adiando a idéia.

O Toni não comprou moto, mas não deixou de andar. Nos últimos tempos, andava principalmente em Monte Verde, fazendo umas trilhas com uma XR-200 emprestada do Roberto, um amigo de lá. Muito legais tais trilhas! Uma vez ele, o Guilherme e o Edu (outros amigos de Monte Verde) pegaram uma tremenda de uma chuva nas estradas de terra que rodeiam MV. E quando chegaram do passeio, estavam literalmente cobertos de barro!

Bom, o Toni quebrou a barreira que já durava muito tempo e resolveu se presentear quando completou cinquenta anos. Depois de muito ensaiar, fechou o negócio. Com o incentivo e a ajuda financeira da Ju, ele comprou uma moto feita pra viajar: uma BMW GS 1200 R Adventure.

As viagens

Quando o Otavio fez cinquenta anos, o Toni lhe deu de presente um capacete bacana – um Nau articulado. Disse que era para quando fossem viajar juntos.

O Otavio deu o troco. Foi dele o incentivo final para o Toni comprar a moto. No dia do seu aniversário, o Toni estava em casa quando ouviu barulho de moto. Era o Otavio, chegando com a V-Strom, só pra dar um abraço no amigo. Aí, assim que o Toni comprou a moto, menos de um mês depois, foi para Londrina, retribuir o abraço.

Logo em seguida, em Julho, o Otavio e o Toni, juntamente com a Inha e a Ju, já fizeram uma viagem. Eles se encontraram em Curitiba e de lá foram para Urubici – onde as motos amanheceram cobertas de gelo! Depois, de Urubici para Gramado, via São Joaquim – São José dos Ausentes, em estrada de terra. Aí, de Gramado foram para Florianópolis – numa viagem com temperaturas próximas de zero! – e de lá para a Ilha do Mel, debaixo de muita chuva. Depois subiram a serra até Curitiba, com uma baita duma neblina, de onde cada um foi para o seu lado: O Otavio voltou pra Londrina e o Toni pra Campinas, num giro de mais ou menos três mil quilômetros. Só para treinar.

Só para treinar, por quê? Porque daqui a uma semana, no dia 26 de Dezembro de 2009, eles partirão para Ushuaia – a cidade mais austral, a Tierra del Fin del Mundo! Atualmente, estão em contagem regressiva para o início da viagem, o que fazem por emails. Até se encontraram em Avaré – no meio do caminho entre Londrina e Campinas –, para comemorar os cem dias antes da viagem.

Dois velhos amigos, dois irmãos que gostam de viajar e gostam de moto. E que vão conhecer, junto com as mulheres, a América toda em duas rodas – aos poucos, aos poucos E o que tem o “CDF” a ver com tudo isso?

Nem o Otavio e nem o Toni eram CDF’s, apesar de não terem passado por maiores dificuldades durante o período dos bancos escolares. Os dois, aliás, viraram professores – o Otavio, de “Mecanização Agrícola”, no curso de Agronomia; o Toni, de “Direito Civil”, no curso de Direito. Então, que “catso” é essa história de CDF? Num “blog” de amigos e de viagens de moto?

CDF – TEM TUDO A VER!!!!!

Acontece que o Otavio comentou com o Toni sobre o site americano chamado “Iron Butt” que concede um selo para o motociclista que comprovadamente rodar mil milhas num dia. Mil e seiscentos quilômetros! Precisa ter mesmo um “Iron Butt” pra aguentar. Pra quem não sabe – e ninguém é obrigado a saber, porque aqui no Brasil, nós falamos português –, a tradução literal de “Iron Butt” é Cu de Ferro! Ou seja, CDF!

Então, o Otavio e o Toni resolveram fazer a versão tupiniquim do “Iron Butt”. Ou seja, o “Blog CDF”. E eles também farão um adesivo para os caras colocarem em suas motos. Os caras que comprovadamente rodarem mil quilômetros em um único dia.

Porque mil quilômetros e não mil milhas?

Primeiro, porque nós temos no Brasil o sistema métrico – como já disse o Travolta para o Samuel L. Jackson, no “Pulp Fiction”. Por aqui, ninguém anda mil milhas, mas sim mil quilômetros. Além disso, tem a magia do número redondo – do tipo 1000 km. Não fica meio sem graça fixar uma meta de mil e seiscentos quilômetros? Então.

Mas não é meio moleza andar mil quilômetros, comparando com mil milhas? Acontece, meu chapa, que uma coisa é andar mil milhas naquelas belezuras das estradas americanas. O cara põe na Harley customizada um banco de gel extra-macio – em verdade, nem precisa –, liga o “cruise-control” e vai embora naqueles retões de asfalto perfeito… Assim, até eu de Scooter! Quero ver fazer mil milhas pegando umas estradas que a gente tem por aqui, com buracos, desvios, lombadas, asfalto abrasivo, pintura derrapante, gasolina ruim, motoristas que não respeitam os motociclistas, sol de torrar coquinho… Nessas condições, eles fazem mil milhas lá mais rápido do que a gente faz mil quilômetros aqui. E o que dói a bunda não é a quilometragem – ou milhagem –, mas o tempo que se fica em cima da moto.

É por isso que o Otavio e o Toni concluíram que andar mil quilômetros por dia no Brasil e na America do Sul está danado de bom! E o cara que consegue, merece um adesivo de verdadeiro “CDF”!

O adesivo ainda está em fase de pré-confecção. Falta conseguir um cartunista. Logo, logo, o Otavio e o Toni vão encontrar alguém que fará um desenho legal. Vai ser bem bonitinho e com a indicação de que o contemplado fez mil quilômetros em um dia.

Custos

E quanto vai custar isso? Nada. O Otavio e o Toni não vivem disso. Em verdade, viajar de moto é mesmo uma forma de viver a vida, mas não é dessa vida que a gente está falando. Eles não pretendem ganhar nada com o Blog. Não vão por anúncios, nem nada parecido. E vão pagar dos próprios bolsos os adesivos para distribuir para os verdadeiros CDF’s das estradas. Basta comprovar que fez mil quilômetros em um dia e o cara receberá o adesivo. Aí, se der certo e um número suficiente de motociclistas gostar da idéia, quem sabe um dia a gente não faz uma reunião para contar as histórias de viagens de cada um. Ah! Sobre contar histórias, o Otavio e o Toni pretendem contar as das viagens deles. Começando pela de Ushuaia, que se inicia daqui a uma semana. E abrirão espaço pra quem quiser contar as suas também.

É isso. Abreijos a todos (abraços e beijos, como o Otávio costuma dizer).

P.S.

O Otavio e o Toni também só receberão os adesivos quando fizerem mil quilômetros em um dia. Talvez na viagem para Ushuaia dê para ganhar o adesivo

4 comentários:

  1. Pronto. 03:40 da manhã. Já posso ir nanar.

    Juliana

    ResponderExcluir
  2. Sugoi !!!! (como um japa impressionado)

    A viagem será inesquecível, espero.

    Como um motociclista, sonho em algo semelhante, quero as Cordilheiras...

    ResponderExcluir
  3. Estou rodando com vocês...
    Beijos
    Ivany

    ResponderExcluir