Atacama 2011

SÁBADO, 1 DE JANEIRO DE 2011

Queridos amigos,

Mais uma vez estamos de partida para um incrível aventura! Desta vez, nossas rodas, nos levarão ao Deserto do Atacama.

Acabei de arrumar a mala. Sim, está mais fácil, a gente vai aprendendo com a experiência, mas ainda dá vontade de levar mais coisa do que cabe! Quer saber, não peguei o secador de cabelos desta vez! O que vale é a experiência, a oportunidade da aventura, os lugares maravilhosos, as pessoas com que conversaremos, e a sensação de ter feito algo excepcional e não meu cabelo comportado na foto. Sim, viajar de moto é algo excepcional. Não pretendo escalar montanhas nem correr maratonas. Mas as viagens de moto são meu everest. E cada um de nós tem os seus próprios everests, não é!?

Desejo que nesse ano que começa hoje, todos nós possamos nos encontrar mais, ainda que seja no mundo virtual!

E meu desejo especial para cada um de vocês, meus queridíssimos amigos é que, cada um de vocês, descubra algo que faça você se sentir especial e único. Pois é assim que eu vejo vocês: pessoas maravilhosas, especiais, e muito muito amadas por mim!

Bora para estrada!

beijinhos grandes,

Juliana

Ahhhhhh. Por favor, não esqueçam de nos seguir em www.cdfmoto.blogspot.com
Deixem recadinhos porque é maravilhoso sentir que vocês viajam juntos conosco!

DOMINGO, 2 DE JANEIRO DE 2011

O PRIMEIRO TRECHO - TANQUE, LOCOMOTIVA, LAGARTO, VIADUTO E BURGMAN


Dois de janeiro de 2011. Dia zero da contagem regressiva. Começou a viagem para o Atacama.
A saída estava prevista para as cinco da manhã. Como os preparativos só terminaram por volta de uma e meia, não deu para sair no horário. Além do sono, estava escuro e chovia. Melhor não começar mal.
Mais uma dormidinha e saímos, eu e a Ju, pouco antes das nove, rumo a Londrina.


Saímos com chuva e com chuva ficamos os primeiros cento e noventa km – pouco menos de duas horas de tocada –, até o Posto Road Star, na Castelo Branco. O caminho foi: saída de Barão Geraldo, D. Pedro até a Anhanguera, depois Bandeirantes até a Santos Dumont (estrada para Viracopos que liga Campinas a Sorocaba), depois a Castelo propriamente dita.
No Road Star – acho que o maior posto da America do Sul – foi lanche, abastecimento, colagem do adesivo do blog no vidro destinado aos clubes de motociclistas, foto junto com um tanque de guerra (é isso mesmo, um tanque de guerra! Coisa mais trash, impossível...).


Depois, mais cento e quarenta km – cerca de uma hora e meia de tocada – e paramos novamente, no Estação Café, proximidades de Santa Cruz do Rio Pardo, já terminada a Castelo.
Depois do tanque, uma locomotiva a vapor. De verdade, que anda dentro do posto uns trezentos metros. Vai e vem... Vai e vem... A criançada fica louca. Eu também. Andei muito de locomotiva a vapor na minha infância. Ia visitar o meu avô em Sodrélia. De Santa Cruz a Sodrélia. Até que desfizeram o ramal. Doce recordação.


Bom, no Estação Café, novo adesivo do CDFMOTOBLOG. Aí um café e um Red-bull, porque eu estava com sono. Depois mais estrada. Perna final. Ourinhos, Assis, fronteira com o Paraná e Londrina. Os restantes 230 km. Total de 560 km.
A estrada de Santa Cruz do Rio Pardo a Assis está toda duplicada e bem asfaltada. Um passeio. Até Ourinhos é a SP 327. De Ourinhos a Assis é a SP 270.
Há dois pedágios e estão cobrando das motos. Menos mal é que a gente passa pela direita, no local onde liberam os carros oficiais. Ali há um funcionário para cobrar e abrir uma pequena cancela. Muito melhor do que parar nas cabinas normais, cheias de óleo no chão e com um motorista babaca atrás, fungando no seu cangote – porque ele não tem que tirar a luva, né?
Há um projeto de lei no Congresso Nacional, justamente para que o pedágio da moto seja exclusivo. É do meu amigo, o Deputado Carlos Sampaio, cujo esboço foi feito por outro amigo, um motociclista de primeira: O Silvião Crocci – presidente do Moto Clube Alphaville Campinas, que está acompanhando a nossa viagem e que ficou morto de inveja. Palavras dele.
O pedágio é baratinho – R$ 1,10. Diferente do Paraná. Na rodovia Miguel Jubran (PR 323), de pista simples – com faixa de apoio de tanto em tanto –, a concessionária tem a coragem de cobrar pedágio de R$ 5,30 para moto! E COBRAM na cabina cheia de óleo – com risco de queda evidente! Fala sério! O pessoal fica p... da vida com esses pedágios que só revertem para a concessionária, mas não para o usuário. Com razão.
Chegamos às 15:50hs. Sete horas de viagem. Boa e tranqüila tocada. Até deu para lavar as roupas na máquina da casa do Otávio e da Inha. Um luxo que não teremos daqui para frente.
A bunda reclamou um pouco. Vim como aqueles lagartos do deserto que ficam, de tempos em tempos, mudando as patas de apoio, para não queimarem os pés. Como o da foto que abre o post. Eu apoiei em meia bunda – mais do lado esquerdo. Mais dois dias de viagem, acostumo.

Ah! Foi interessante passar no viaduto novo da Castelo Branco. Rodei por aquela estrada a minha vida inteira, desde a inauguração, e no trecho próximo a Botucatu a pista desviava para o único viaduto existente no local. Ao lado estavam as obras iniciadas do outro que só agora foi concluído, pela concessionária.


O Poder Público, enquanto esteve com a estrada nas mãos, preferiu deixar apodrecer ao longo dos anos as ferragens do viaduto que iniciou, mas nunca concluiu. Mais de quarenta anos. Santa incompetência, Bátima!
Outro ah! Ao chegar em Londrina, dei uma volta de Burgman com o Otávio. Totalmente diferente! A Ju também andou. Tocada super intuitiva, mas as rodinhas causam certa insegurança. Agora, o conforto é dez! Bancão largo e macio.


Seguem as fotos. Da saída de Campinas, do tanque, do viaduto (emprestada), da locomotiva (idem), do lagarto (idem) e da Burgman. Abreijos. Amanhã (ou depois) tem mais. Toni.

SEGUNDA-FEIRA, 3 DE JANEIRO DE 2011

SEGUNDO TRECHO-LONDRINA - FOZ DO IGUAÇU

Três de janeiro de 2011. Dia da saída de Londrina, local de encontro. Agora começou para todo mundo a viagem para o Atacama.
Saída prevista para as seis da manhã. Saímos às 6:23hs. Atraso pequeno para um grupo de oito.


Saímos sem chuva e assim tocamos. Se fosse de avião, poderia se dizer que estava um céu de brigadeiro – apesar das nuvens. Temperatura agradável. E soja para todo lado. Foram pelo menos uns quatrocentos quilômetros de soja margeando a pista. Anteriormente, eu já tinha passado por aqui e as culturas eram mais variadas. Hoje é um mar de soja.
Bom, a primeira tocada foi de Londrina a Campo Mourão. Duzentos e seis km. Cerca de nove da manhã. Um dica: depois de contornar a cidade inteira, quando aparece um trevo indicando Campo Mourão à direita e Cascavel à esquerda, pegue à direita. Pegue para abastecer num BR que tem gasolina Podium. Para quem usa a Podium, o desvio de dois km compensa. Enchi o tanque de Podium e o motor boxer da BMW respondeu bem. Diminuiu o consumo e o motor roncava mais cheio.
Saímos às nove e vinte e tocamos até Céu Azul – uma cidadezinha grudada em Cascavel. Foram mais duzentos e poucos km. Desde a saída de Londrina, exatos 419 km. Chegamos às 11:53h.
As cidades de porte do Paraná pelas quais passamos – Maringá, Campo Mourão e Cascavel – causam ótima impressão. Parecem, de longe, ser muito bem estruturadas. Elas são contornadas. São servidas por uma espécie de rodoanel. Só que muito ruins, em comparação com as cidades. O de Cascavel, por exemplo, dá pena e raiva ao mesmo tempo. O asfalto é péssimo e a pista é simples. Tem trevos que cortam o anel viário – um deles, inclusive, em frente a uma churrascaria movimentada. É uma verdadeira roleta russa para cruzar a pista. As cidades do norte do Paraná mereciam vias mais bem feitas. O pedágio cobrado não justifica o estado precário desses anéis viários. Cobram R$ 4,30 (ou mais) das motos e o dobro dos carros. Muito dinheiro para pouco retorno.
A pista entre Londrina e Foz do Iguaçu deveria ser toda dupla, mas não é. A pista é dupla até depois de Maringá. Depois, volta a ser dupla a uns quarenta ou cinqüenta km de Foz. Movimento grande, com muitos caminhões. As estradas de pista simples e os anéis, definitivamente, não estão à altura das cidades do norte do Paraná.

Há um movimento da sociedade civil para a inteira duplicação da pista. Bonito. Uma hora eles vão conseguir aquilo que o governo deveria fazer – ou exigir da concessionária – sem pestanejar.
Voltemos para a pista. De Céu Azul a Foz, sem outras paradas. Saímos às 12:10 e chegamos às 13:30hs. Tivemos que procurar um pouco o hotel, porque o GPS do Otávio aparentemente não estava recebendo o sinal.
No trecho de pouco menos de cem km, pegamos um pouco de chuva. Muito pouco, mas a chuva era grossa. Tivemos sorte, porque se avistava o toró ao lado da estrada.
O clima estava ameno. Chegou nos trinta e um graus, mas só no final da viagem. Antes, começamos com 21 graus e a maior parte do tempo a temperatura estava em torno de 24 a 26 graus. Ótimo para viajar de moto.
O Zé com a camionete acompanhou muito bem as motos. Não atrapalhou em nada o ritmo – que não é muito forte (cento e dez a cento e trinta).
Hotel encontrado, baixamos a bagagem e fomos visitar as Cataratas. Aquilo é mesmo uma das maravilhas naturais do mundo. Impressionante o volume de água e a quantidade de cachoeiras. E a Garganta do Diabo é um espetáculo à parte.


Tomamos chuva, forte, que caiu justamente quando estávamos na passarela de observação da Garganta do Diabo. Mas ninguém se importou. Fez parte do clima – mesmo porque a chuva não molha mais do que a enorme quantidade de água que é espirrada em quem anda pela passarela.
Agora no início da noite um (uns) chope para brindar o bom e tranqüilo começo de viagem.
Nove e quarenta. Vou dormir. Acordei às cinco e estou com sono. Amanhã, toca pra Argentina. Primeira pousada, Posadas.
A bunda continuou a reclamar. Mais do que ontem. Mardito cóccix. Mas vamos nessa. Depois que esquenta, fica mais fácil tocar. E os próximos trechos são mais tranqüilos. Só teremos uma puxada maior de Posadas a sabe-se lá onde. Ainda não decidimos.
Assim que der, posto as fotos. É que a Ju ainda não as baixou no computador. A Internet do hotel aqui em Foz (um meia boca chamado Cassino. De bom, a localização. Fica bem no centro, pertinho da prefeitura) é meia-boca. Saímos à pé para o chope (s).
Abreijos. Amanhã (ou depois) tem mais.
Toni.