terça-feira, 26 de janeiro de 2010

FINAL DA VIAGEM - 3ª parte - de Curitiba a Campinas - postado por Toni

Domingo, 24 de janeiro de 2010, oito e meia da manhã. Saímos de Curitiba para fazer os pouco menos de quinhentos km entre a capital do Paraná e a nossa cidade. Última perna da viagem. Trecho já bem conhecido por nós, tanto de moto, como em quatro rodas. Trecho normalmente tranquilo, de pista dupla, apesar dos quarenta km depois de Registro que são de pista simples, mas que têm, no sentido que nós trafegaríamos, muitas terceiras faixas. Seis horas de viagem sem forçar, o que já fizemos mais de uma vez, inclusive durante a semana - teoricamente com maior movimento de veículos. Mais um ledo e ivo engano. Porque a estrada estava coalhada de caminhões. Porque havia muitos acidentes na estrada - em dois locais, uma das pistas ficou fechada e se formou uma enorme fila, principalmente de caminhões. Não aguentei ficar parado com a moto no meio dos caminhões que esquentavam o seu entorno com os enormes motores. Não aguentei ficar no para e anda, com a moto carregada - um peso de cerca de meia tonelada. Não dava! Trafeguei pelo acostamento, com a total compreensão dos motoristas dos caminhões e dos carros que perceberam que a gente não podia mesmo ficar parado no meio daquele tráfego dos infernos! Ninguém fez cara feia e todo mundo facilitou a nossa vida. Todo mundo, não. Teve um caminhão que não percebeu a nossa presença e também resolveu vir para o acostamento. Depois de uma buzinada "poderosa" (vocês precisam ouvir a buzina da minha moto! Parece de fusca antigo!), refugou. O pior estava por vir. No trecho de pista simples - os tais quarenta km depois de Registro - novo congestionamento. E no local não havia acostamento. Fiquei o quanto aguentei no meio dos caminhões. Aí, percebi que na pista São Paulo - Curitiba, os veículos demoravam para aparecer. Sinal de que ora passavam os veículos num sentido, ora noutro. Então tomei uma providência radical: sai para o acostamento do lado contrário, na contra-mão de direção, liguei o pisca-alerta e fui subindo devagarinho. Com essa providência, consegui me livrar do enrosco. Havia mesmo obra na pista. Estavam substituindo guard-rails. Fiquei uma meia-hora sem sequer falar com a Ju pelo intercomunicador, recuperando-me. Foi mesmo exaustivo. Bom, depois foi tranquilo. Novamente pista dupla na Regis Bittencourt (o nome da BR entre S.P. e Curitiba), Rodoanel, Bandeirantes - com mais uma parada para o abastecimento final - e aí a chegada em Campinas. Casa. Às três da tarde terminou a aventura das nossas vidas. Fomos muito bem recepcionados pelo Alê, pela Ana Luísa (estava morrendo de saudades dos meus filhos), pela D. ana, minha sogra, pela Fernanda, namorada do Alê, pela Clarinha, melhor amiga da Ana, e pelos meus amigos e vizinhos, o Beto e a Rô. Como não podia deixar de ser, o Beto estava me esperando com uma cerveja gelada na mão. Brindamos com cerveja e com champagne. O mais curioso é que a rolha saiu voando e desapareceu! Verdade! Ela não caiu! Todo mundo ficou olhando para cima à procura dela, e nada! Sumiu no espaço. Talvez tenha ido desfrutar da sua própria aventura, a rolha. Esperta! Chegamos exaustos, pneu nas últimas, mas inteiros e à tempo de corrermos até a casa onde estavam hospedados o Larry e a Lucy - como já escrevi, os "pais" americanos do meu filho, durante o intercâmbio que ele fez nos Estados Unidos. Valeu o sacrifício feito para abraça-los. A emoção do vídeo ora postado dá bem a conta de quanto valeu. Rodamos cerca de três mil km em quatro dias. Aliás, os números finais são os seguintes: de Curitiba a Campinas foram exatos 490,1 km. Saímos de Campinas no dia 26 de dezembro de 2009 e o odômetro da moto acusava 9.747 km. Quando chegamos, no dia 24 de janeiro, acusava 22.697 km. Foram rodados exatos 12.949,1, registrados no odômetro parcial. Valeu! Cada metro! Assim, mais uma vez, muito obrigado a todos os que nos acompanharam e que eu faço questão de mencionar em um post mais para a frente. Obrigado também as inúmeros amigos da estrada que também merecerão referência e - evidentemente - fotos no blog. Por fim, registro que acabou a viagem, mas não as histórias que serão contadas em posts daqui para a frente. Então, por favor, continuem a ter paciência e visitem o blog de vez em quando. Abreijos.Toni.

5 comentários:

  1. Caro Toni,

    Preocupado com a situação, envio cópia de notícia veículada na segunda-feira, 25 de Janeiro de 2010, logo pela manhã, através da agência noticiosa France Presse. Fiquem tranquilos, que eu guardo absoluto sigilo.

    Um abraço,

    Alexandre Correia

    "Toquio, Japão - 25/01/2010 - 00h28
    VACA DE KOBE MORRE MISTERIOSAMENTE

    A última madrugada foi particularmente agitada nos pastos da região de Kobe, onde é criada a raça bovina para produção de carne mais preciosa do mundo. "Os animais estão extremamente tensos com a morte de uma das vacas mais populares da nossa manada, que se chamava FujiMar, porque ora olhava para o monte Fuji, ora para o mar, e que foi subitamente alvejada por desconhecidos" — contou à imprensa Toyo Takatakata. Segundo este prestigiado ganadeiro, o incidente ocorreu pouco antes das onze da noite (hora local), e a vaca teve morte imediata. "Ao menos nisso, a nossa FujiMar foi feliz", desabafou Takatakatan San, adiantando que "ainda nesta tarde eu próprio a estive massajando na vacaria refrigerada por ar condicionado, enquanto escutávamos as suas músicas preferidas, a colectânea Adágio Karajan, com uma selecção dos mais belos adágios dos grandes compositores clássicos interpretada pela Orquestra Sinfónica de Berlim sob condução do maestro Herbert Von Karajan". A propósito, convém referir que as vacas de Kobe se caracterizam por crescer num ambiente requintado e sereno, usufruindo de mimos invulgares para este tipo de animais, como as massagens; no entanto, é precisamente esse cuidado extremo que torna preciosa a carne de Kobe, "a mais tenrinha que alguma vez alguém poderá provar", assegura, orgulhoso, Takatakata San. Todavia, o mistério desta morte imprevista está a pôr em causa a principal regra desta raça, que é "os animais serem abatidos de forma tão rápida e suave que nem sentem, para evitar que o pressentimento da morte os deixe com os nervos à flor da pele, o que se reflecte, inevitavelmente, numa carne dura, nada tenra", explicou à France Presse o eminente veterinário japonês Hiroshi Bohykurado, chamado de urgência para registrar o óbito de FujiMar. "Foi com profundo espanto que detectámos que o animal morreu atingido por uma rolha de champanhe, mas foi tudo tão rápido que a carne ainda ficou mais tenra. Se soubesse, não tinha jantado à pressa antes de sair, depois de ter recebido esta chamada" - confidenciou o Doutor Bohykurado. Apesar do animal ter sido imediatamente desmanchado e exportado para Nova Iorque já em peças de "Premium Beef", a verdade é que a reacção da restante manada à perda da sua vaca guia está a deixar muito apreensivos os ganadeiros de Kobe. "FujiMar era uma vaca muito dada e não havia boi que não gostasse dela. É verdade que as outras vacas até parecem mais alegres agora, mas os nossos bois estão de rastos com esta perda inesperada e agora tememos que isso possa pôr em causa a raça de Kobe, pois a depressão destes bois leva-os a negar-se à actividade reprodutiva" — Explicou, por seu turno, o presidente da associação de produtores de Kobe, Assadu Konsalada y Tofu. Entretanto, peritos forenses chamados ao local do crime identificaram como brasileira a origem da rolha assassina, o que fez levantar de imediato a suspeição de um complot brasileiro para eliminar a raça de Kobe e, assim, valorizar a exportação de picanha, maminha e filé dos ricos pastos deste país sul-americano, "onde os animais são tratados como gado", sublinhou, visivelmente constrangido, o Doutor Bohykurado.

    MAIS DESENVOLVIMENTOS A TODO O MOMETO

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  2. Toni,

    A situação parece agravar-se e já fui contactado por agentes da CIA quanto a eventuais conecções entre nós. Compreendam que eu tenho duas filhas para criar e que quando disse que adorava ir a Cuba não estava a pensar numa viagem grátis a Guantanamo com direito a roupa cor de laranja, três refeições por dia e grades com vista para o mar das Caraíbas. Por favor, atentem às última notícias...

    Com preocupação,

    Alexandre Correia

    FRANCE PRESSE, Paris, 25/01/2010, 08h.46

    AUMENTA A TENSÃO NO EIXO JAPÃO/BRASIL

    O ministério japonês dos negócios estrangeiros informou, entretanto, que o embaixador do Brasil em Tóquio já tinha sido contactado e convocado para uma reunião extraordinária com o titular da pasta e os ministros da agricultura e pecuária, bem como do comércio externo, a fim de prestar esclarecimentos. Contudo, este contacto parece ter caído mal junto das autoridades brasileiras. De acordo com um despacho do Palácio do Planalto, em Brasília, esta suspeição é considerada "uma infâmia", que põe em causa os acordos bilaterais entre os dois países, o que "poderá levar ao congelamento das importações sushi". Esta revelação pôs em alvoroço a comunidade japonesa no Brasil, a mais numerosa de todo o mundo, que é também a comunidade estrangeira mais populosa a residir no Brasil, levando o porta-voz do presidente Lula da Silva a esclarecer os jornalistas, assegurando que "os japoneses no Brasil não têm que temer quanto à sua dieta alimentar pois, felizmente, um bom prato de arroz com feijão e carne, polvilhado com uma boa farofa, nunca fez mal a ninguém!..."
    MAIS DESENVOLVIMENTOS SOBRE ESTA CRISE A TODO O MOMENTO

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  3. Caro Toni,

    Sinto muito, mas acho que não consigo mais resistir à pressão. Estão me ameaçando com uma dieta vegetariana se não contar tudo. E, pior do que isso, minhas acções na bolsa estão a cair. Se quiser ir pensando no preço do meu silêncio, vá vendo as cotações dos mercados pois, de acordo com as últimas notícias, a coisa está a ficar preta...

    Aqui só entre nós, claro.

    A.C.

    (não assino, para manter esta mensagem no anonimato...)

    FRANCE PRESSE, PARIS, 25/01/2010, 09h.13

    MERCADOS REAGEM À CRISE NIPONICO-BRASILEIRA

    Os mercados, todavia, reagiram mal à tensão entre Japão e Brasil, que é já chamada da crise das vacas gordas, numa alusão às famosas vacas de Kobe, uma espécie privilegiada que parece estar prestes a entrar para a lista dos animais em perigo de extinção. À hora de fecho, a bolsa de Tóquio tinha recuado cinco pontos e passado ao vermelho, com o índice Nikkei a cair para níveis recorde, levando os analistas a temer que a crise ainda esteja para revelar o seu expoente máximo. Em Nova Iorque, por ser domingo, a bolsa estava encerrada, mas fontes de Wall Street também já manifestaram a sua preocupação, antevendo que "esta segunda-feira vai haver um disparo na cotação da carne de bife e no atum para sushi, o que poderá afastar os investidores do mercado petrolífero e gerar nova crise com os produtores". No Irão, o Ayatola Ali Kamenai, líder espíritual do país, proferiu, entretanto, um sermão alarmante aos fieis reunidos ontem à noite na grande mesquita de Teerão, dizendo que "não nos iremos baixar perante o grande satã ocidental e trocar petróleo por cordeiros". Na Venezuela, por sua vez, Hugo Chavez aproveitou de imediato esta situação para conjecturar mais "uma conspiração contra as repúblicas bolivarianas e a democracia popular", deixando antever, sem o referir explicitamente, que se trata de uma manobra do Brasil para se impôr na dianteira do G5 — o grupo que reúne os cinco países mais ricos do mundo — eliminando com uma só manobra dois dos seus rivais mais poderosos, o Japão e os Estados Unidos da América, lançando ao mesmo tempo a suspeição sobre a França, que "se não tivesse inventando o champanhe, nada disto teria sucedido". Aliás, Chavez indicou mesmo que também desconfia que os alemães, da Baviera, andem metidos nesta jogada, desabafando que "quando um operário se torna burguês o mundo pode tremer", numa ofensiva alusão ao presidente Lula da Silva, para rematar, no seu discurso de duas horas transmitido todas as noites de domingo pela televisão estatal venezuelana, a partir do gabinete presidencial, em Caracas, que "és por iso que yo sigo un hombre humilde, como mi pueblo". De visita ao Haiti, o líder das Nações Unidas, fez um apelo à paz no mundo e, ao pronunciar-se sobre esta tensão transcontinental latente, referiu que "com tanta fome aqui em Port-au-Prince até é uma vergonha andarem a discutir por bifes de primeira ou por sushi. Deviam todos era comer raspas, para saberem o que é ter um buraco no estômago". Estas declarações foram desde logo contestadas pela associação ambientalista GreenPeace como "uma manobra de diversão para desviar as atenções do buraco do ozono para o buraco do estômago" — acusou em Londres John Pankake.

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  4. Antonio Mario e JU,

    Parabéns pela viagem. Acompanhei diariamente pelo blog. Pra quem gosta de viajar de moto como eu, me senti em uma final de copa do mundo não podendo participar por uma contusão. Acho que isso resume a sensação de acompanhá-los via internet. Uma viagem, que certamente deixará as outras que vcs fizeram em segundo plano. Uma aventura digna de um livro, registrando em minucias todas as sensações vividas. Existe hoje, na união e na vida do casal, o antes e depois de Ushuaia. Parabéns para o Otavio e Inha!!!

    Silvio Crotti- www.alpharoadcampinas.com

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  5. Ah... Que pena que acabou...
    Parabéns aos aventureiros!!
    Ju aguardo contato...
    Beijão

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